sexta-feira, 15 de julho de 2016

Desistir (verbo)

1. transitivo indireto e intransitivo
não prosseguir em um intento, abrir mão voluntariamente de (algo); abster-se, abdicar, renunciar.



2. transitivo indireto
deixar de estar ligado a (alguém); renunciar


3. É o que eu deveria ter feito, no dia que te conheci. É o que tentei fazer todos os outros dias, mas nunca consegui. É o que você fez, sem nem pensar duas vezes e me deixou aqui. É te ver inventar motivos pra justificar o que não existe. E não aceitar mais isso. É não entender os seus por quês. E cansar de ser só mais uma peça do seu jogo. É te olhar e nunca saber quem você é. É não querer mais descobrir. É enxergar o que tem que ser feito. E fazer. 


Não diga alguma coisa agora. Estou desistindo de você. 





sexta-feira, 24 de junho de 2016

Cartas pra você; Parte II.

A primeira parte desse texto foi escrita há alguns anos atrás. Precisamente quatro. Se formos falar de números. Nunca houve a intenção de uma continuação. Mas por ironia do destino, ou algum descuido momentâneo, houve um plural no título que dizia: cartas. Na primeira vez, eu precisei escrever. Pra não enlouquecer. Lembro que não conseguia parar de chorar. Dessa vez, eu não consigo nem chorar. E isso dói muito mais. Pode acreditar. Hoje eu me lembrei do tempo em que eu queria ser exatamente como você. Bom, desse tempo, realmente já faz muito, muito tempo. Eu sempre repudiei que as coisas mudassem. "Tudo muda, meu bem, e também, qual é a graça se não mudar?" Odeio essa frase. Que em algum contexto do mundo, foi escrita pra você. Hoje, excepcionalmente, eu gostaria que ela fosse verdade. Porque nem tudo muda. Você por exemplo, não muda. E eu também não preciso nem mudar as palavras, só reescrevê-las. É isso. Só isso. Isso é você. E pra você não importa se dói ou não, muito menos em quem dói. Eu queria te salvar, mas você é o tipo de pessoa que não quer salvação. Olho pra frente, não vejo você. Olho pra frente, não vejo nada. Olho pra frente e só vejo o dia em que tudo mudou. O dia em que as peças do quebra-cabeça finalmente se encaixaram mostrando um sentido que eu nunca quis enxergar. Não vi, não ouvi. Não senti. Não sinto. Não sei. Não é. Não quero. Doeu demais. Dizem que o tempo cura tudo. Não curou. Não era justo. E não é. Achei que não suportaria que fosse. Suportei. Eu tenho mesmo dessas, de achar que as coisas vão me matar. Não matam. Mas elas também não passam. "Faço tudo por você". Talvez esse seja o tudo. Eu faço. Eu fiz. Mas não é suficiente. O tudo ainda é muito pouco pra você. Nunca basta. Alguém disse "não quero nada, eu tenho tudo", há muito mais que quatro anos. E não fui eu. Mas, talvez, você não tenha percebido que não se pode ter tudo. E que você, não tem nada. A primeira parte dessa carta, usa um clichê que diz que eu soltei o mundo, pra segurar a sua mão. A segunda, não usa clichês, mas te diz, agora, que eu te soltei. Pra enxergar um pouco o mundo. Te ver como eu sempre te via, iria, me cegar. Não dá pra não soltar quem nunca quis se ajudar. A melhor lembrança, que me veio a mente agora, foi a sua. Me pedindo pra não dizer mais que eu era igual a você. Sabe? Eu não quero mesmo ser. Leio as coisas que dizem as pessoas que não sabem como você é. E não sei, se eu queria ser como elas. Todas tão iguais. Ou te amar a mais. Como eu amo. Só que hoje, não vai dar pra falar de amor. Fica pra outro dia. Não é mais o significado do seu nome. Na verdade, sabemos que nunca foi. Eu só criei possibilidades imaginárias de ser. De tanto querer. Essas coisas nunca foram sua culpa. Pelo menos essas, não. Sempre foram minhas. Conhecer. Verbo. Transitivo direto. 1. Perceber e incorporar à memória (algo); ficar sabendo. 2. Tomar ou ter consciência de. Estou cheia de doses de você. Desculpa. Por esquecer. Que eu te conheço.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Solos de guitarra me conquistaram.

Uma noite dessas, subimos correndo as escadas de todos os andares e fomos parar no terraço. Nosso lugar particular. Deitamos no chão pra ver o céu e fazer fumaça. A gente ria como se o mundo fosse acabar. O problema, era justamente que ele não iria. Então eu olhei pros seus olhos vermelhos, sempre tão cansados, me virei e chorei baixinho sem você saber. Assim como as milhões de coisas que você não sabe, ou finge não saber. Chorei porque eles me confundiam, igual os meus te "alienam". Chorei porque eu não sei sentir. Chorei porque gostava tanto de você e odiava a forma como isso fazia meu coração doer. Chorei porque não era justo te incluir em toda a bagunça que eu sou e porque não queria que a sua vida se tornasse a droga que a minha era. Chorei porque sem mim, você ainda é um total, e sem você, agora, eu sou só um pedaço. Chorei porque você pede desculpas demais e eu me machuco demais. Chorei porque você fala muito e eu... sinto muito. Chorei porque desde o começo, eu sabia que o final era inevitável. Um silêncio infindável, meu amor. Esse é o som do nosso fim?

terça-feira, 26 de abril de 2016

E se não parar de chover? Se a gente não quiser crescer?

Hoje na volta pra casa, uma criança me parou no metrô pra dizer que achava bonito o meu "olho muito azul". Ela falou tão encantada que não tive coragem de contar que não era de verdade. Depois disso, eu pensei muito nas crianças e no quanto gosto delas. Em como todas são naturalmente felizes e em como o universo parece tão cheio de brilho antes da gente crescer. Lembrei de como eu via o mundo todo cor de rosa e cheio de flores. E do dia que acordei odiando rosa e flores. Queria entender porque crescer faz a gente perder o encanto pelas coisas. Porque essa pureza natural de ser feliz com pouco se esvai. Talvez, isso tenha um pouco a ver com a magia dos começos, como quando a gente acha algo tão incrível no início e depois aquilo simplesmente te satura... Sinto saudade de como eu sentia a vida no começo. Não sei como a gente se sente no final, mas espero que seja diferente de como eu me sinto agora.  

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Somos um disco do Nirvana de 20 anos atrás.

A primeira vez que você me perguntou se me fazia mais mal do que bem, eu não soube te responder, também. Tenho mesmo esse problema de ser intensa além da conta. De ter as pessoas como caos e como cais, de não sentir nada ou sentir demais. E quase sempre, eu volto pra casa cansada de tentar te legendar. Saturada de ouvir você gritar. Nunca fiz questão de esconder. Todas as vezes, te deixo saber. Mas isso foi ontem. E quando você consegue se acalmar, vira morfina pura. Nem parece ser uma menina tão dura. Hoje o meu remédio foi te re-encontrar. Seus olhos cansados se apertando devagarinho enquanto você sorri, foram a única coisa forte o suficiente para afrouxar um pouco dos nós da minha garganta, que de tão presos faltavam me sufocar. Hoje eu nem precisei falar nada pra você entender. E trançar o meu cabelo, ainda que não leve o menor jeito para esse tipo de coisa e ele não seja tão comprido quanto o seu. Mas você soube dizer que era só pra prender a tristeza e depois soltar. Fiquei tão feliz que aprendeu. E pude respirar saudade, no seu abraço desesperado, apertado e gelado, "brigada por voltar..." Você sabe, que eu sempre vou voltar. A resposta é que hoje você me fez mais bem, do que ninguém. E o que é o tempo, se não um aglomerado de hojes no mundo de alguém? 

terça-feira, 19 de abril de 2016

Um dia a gente se vê.

Leio e releio as palavras antigas, as palavras não ditas. As palavras, tantas. Seguro as lágrimas apertadas nos olhos. Um lago represado. Mas não vou chorar. O que fazer com tudo isso? Queria que evaporassem. Embora, sinta um pouco de medo de tudo simplesmente evaporar. Respirei fundo e esperei a eternidade chegar. Mas ela não chegou. Senti o perfume a me pedir: vá. Eu vou... Sinto muito, mas preciso ir. Sem te incluir.
Don't worry. You'll be ok, you don't need me.   

É pra eu falar então? Agora? Tá, olha só!



Porque eu não paro de falar, quando eu não sei o que falar. Palavras não tem sentido e eu não tenho abrigo. Mas se eu paro pra pensar, porque eu não paro de pensar, você não faz sentido! Não me tem como abrigo... Se eu te disser que antigamente até pensei que agora, eu saberia exatamente o que fazer agora, mas se você quer me deixar de fora, eu posso tentar ser feliz lá fora. Porque você não vai ligar se eu deixar de te ligar, e falar de mim não faz sentido. Vai sair pra outro lugar, pra por alguém no meu lugar e viver assim, pra mim não faz sentido.

Meu bem, meu bem, você me fez tão mal
Será que você não vê meu bem?
Que eu nunca dancei no carnaval!
Então me deixa de fora mas me deixa tentar...
É, me deixa dançando, mas me deixa dançando o meu tango
Que é isso que eu sei dançar
Tudo muda meu bem, e também qual é a graça se não mudar?
Será que você não vê meu bem,  
Todas as vezes que eu parti, eu nunca prometi voltar;
E todas as vezes que eu fui, eu nunca prometi ficar.