quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Only words bleed

Hoje eu me lembrei de você de um jeito bom e isso é incomum, porque mesmo que soe amargo de dizer, eu realmente não consigo mais me lembrar de nada de bom. Eu só consigo repassar cronologias que queria muito poder esquecer e me perguntar o por quê, embora nem queira de fato uma resposta. E acho que tudo bem, já que num primeiro instante eu achei que você me faria perder a fé na vida, nas pessoas, na humanidade, eu me abaixei e esperei que o mundo desabasse sob as minhas costas sem piedade, mas não aconteceu. Nenhum barulho, nenhum escombro. Ninguém pra me levantar. Eu levantei. E olhei pra vida com olhos de quem entende que o tempo não para porque o mundo te decepciona. E fui... eu fui e o impossível se tornou mais fácil do que eu jamais poderia imaginar. Eu fui e entendi que tudo bem desfazer laços e que ainda bem que nós podem ser desfeitos antes que enforquem. E eu respirei agradecida. E respiro todos os dias na espera de que os ventos voem e os ares se renovem, restando apenas as boas lembranças, como hoje quando lembrei de você sem pensar em você. 

terça-feira, 27 de junho de 2017

I'll never be the same


É engraçado como as pessoas que vão fazer toda diferença, geralmente, estão ali o tempo todo, mas em nossas mecânicas ocupações, não nos permitimos enxergar. Logo que você tomou forma diante do mundo, o mundo quis me mostrar você, mas eu, tenho um sério problema com quem bate a porta para entrar. É simples, eu não abro. Tempos depois, te permiti alguns segundos de atenção e, acho que essa é uma percepção meio unânime, você rendeu um "como essa menina é linda", nada muito profundo, só molhei os pés na borda. Eu sempre preciso de focos para me desfocar e num tempo onde a vida me pesava forte sob as costas... BOOM, você de novo, assim, metaforicamente esbarrando em mim num corredor lotado, em um dia realmente péssimo. E eu aceitei. Todo mundo que te mantém na vida, tem essa mania de dizer que deixar você entrar é um caminho sem volta, como, de fato, foi. Eu me abri pro mundo e por um instante me permiti te escutar. Não há sequer razão que explique alguém como eu, parar para ouvir alguém como você. Mas o que precisa ser entendido aqui, é que, você me virou do avesso e me fez jogar fora a minha velha casca coberta de metodicidade. E na busca incessante por te desvendar, te descobrir, te entender, eis que, eu me desvendei, eu me entendi. (Abro parênteses pra dizer que você continua uma incógnita ainda maior). Eu me vi nos seus medos e num impulso os enfrentei. No começo de toda essa loucura, eu disse que te achava audaciosa, e, isso era realmente novo pra mim. Eu sou pacífica, agora menos, muito menos, mas eu me ergui nos pilares da neutralidade, para de repente, me hipnotizar pelos seus eventuais lapsos de coragem. Eu desejei que você pudesse ser corajosa todos os dias e eu te vi gritar pro mundo quem você é, de peito aberto, explicar os seus receios e relatar os seus medos, ainda que, nem uma auto biografia completa sobre você seja suficiente para fazer as peças do seu quebra-cabeça encaixarem-se aos meus olhos. Você foi essencial na minha transformação - e não é pseudo, dessa vez - de tantas maneiras, que eu posso veemente te comparar a um divisor de águas. Dos mais potentes. Eu queria que você soubesse disso, porque vejo sua alegria em fazer a diferença, sua satisfação em influir e, veja bem, a sua carga de significados nas minhas mais diversas evoluções me faz ser eternamente grata. Dores de cabeça a parte, como já citava um personagem muito sábio eu tive três filhos e nenhum me deu tanta preocupação quanto você me dá, eu costumo dizer que somos jovens e o mundo gigante. Desejo que você seja maior que ele. Desejo que você não se deixe engolir. Desejo que você não se perca nos seus próprios emaranhados. Desejo que o universo te perdoe. Desejo que a vida possa ser generosa com você. Eu tenho o hábito de querer proteger, mas no seu caso, nem tento. Você é grande demais para caber nas minhas redomas. Desejo que os deuses do amor te protejam, olhos verdes. Porque eles valem mais que mil de mim e entenda: você vale tudo isso

Com todo amor que existe aqui.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

É por isso que está obcecada pelo oceano.

- Cheio de altos e baixos?

- Sempre indo e voltando. É como as ondas. Não importa se vai embora mil vezes, porque irá voltar mil e uma. Você sabe disso, porque foi você quem me falou anos atrás, e eu, estúpida, não acreditei.

Time After Time

But it sounds so dangerous to me now

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Vontade do que não existe

Vejo muito as pessoas falarem sobre o medo do esquecimento, sobre os outros duvidarem do seu potencial e acho que eu não consigo se quer compreender, porque eu sou de fato o tipo de pessoa que não entende o que não sente, o que não vive. É por isso que não me é possível ter uma empatia tão aflorada, embora eu realmente tente. As minhas maiores aflições, por assim dizer, são linhas oscilantes entre o desejo de ser esquecida, porque sim, eu queria muito ser deixada em paz, e a vontade súbita de que parem de uma vez por todas de depositar tantas expectativas irreais sobre mim, de enxergar tantas curvas sinuosas e caminhos a serem explorados enquanto eu quero só... fechar as minhas portas. Eu queria ser invisível mas isso nada tem a ver com a metáfora de poder fazer tudo que quiser. Queria para que ninguém pudesse me ver. Para que eu pudesse ser dissolvida e escorrer, sem mais perguntas, sem mais respostas. Eu ouço constantemente as pessoas falarem que elas se sentem como se não se encaixassem em lugar nenhum. Como se não fizessem parte de nada. Esse é o problema. Eu não me sinto como se não me encaixasse... Eu me encaixo em absolutamente todos os lugares. Eu me sinto parte de tudo. Mas ainda assim, não basta.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Consequências ilimitadas

"Você não sabe o que se passa na vida de ninguém além da sua. E quando você mexe com uma parte da vida de alguém, não está mexendo só com aquela parte. Infelizmente, você não pode ser tão preciso e seletivo. Quando você mexe com uma parte da vida de alguém, você está mexendo com a vida toda dessa pessoa. Everything affects everything." 
- 13 reasons why

Ao vivo, mas não em estéreo

Nós estamos vivendo uma era em que se é fodidamente pregado que você não tem a obrigação de ser legal. Que você pode explodir e não precisa ser simpático o tempo todo. Que ninguém é obrigado a ouvir os dramas chatos dos outros. Que "bom dia só se for pra você", que simpatia demais é porta aberta para desconfiança. Que positividade é uma chatice clichê. Nós lemos essas coisas e acatamos como nossa verdade. E nós invertemos totalmente os conceitos, achando que está tudo bem, nós fazemos as coisas boas parecerem ruins e as ruins virarem piada. Nós nos transformamos todos os dias em por quês. Nós falamos sobre como o mundo é perverso e as pessoas cruéis esquecendo de enxergar a nossa própria maldade. Nós apontamos o dedo pro outro e julgamos cada passo em falso alheio mas não conseguimos manter os olhos nos erros do nosso próprio caminho. Nós somos omissos. E fazemos coisas terríveis, por estar com raiva, por não ter tido um bom dia, por não gostar de alguém, por estar com medo ou pelo stress da vida. E nós não paramos um segundo sequer pra pensar nos impactos que causamos. Nós nos isentamos da responsabilidade e até nos perguntamos eventualmente se somos boas pessoas, mas não paramos pra riscar onde estamos sendo maus. Nós fazemos coisas ruins, ou vemos coisas ruins acontecendo e não fazemos nada a respeito. Dá no mesmo. Nós rimos da fraqueza dos outros ou compactuamos em algum momento com quem ri. Nós julgamos o tempo todo, nós classificamos as pessoas entre boas e ruins, como se sempre fôssemos as boas e as outras espíritos malignos que merecem punições. Isso tudo está tão errado, esses pedestais, e as pessoas, o mundo todo, tudo, os valores, os pensamentos construídos, as nossas ações, ah, a nossa maldita zona de conforto. E sabe, eu acho mesmo, que a gente tem sim a obrigação de ser legal, porque dar um bom dia é de graça e pode melhorar o dia de alguém ainda que o nosso não esteja sendo efetivamente bom. E ouvir o que uma pessoa que precisa falar tem a dizer não vai fazer os nossos ouvidos caírem. Respirar fundo e contar até três antes de despejar a raiva que estamos sentindo nas pessoas ao redor não tem como fazer com que a gente se enraiveça mais. Ser gentil com o motorista custa menos que a passagem do ônibus. Demonstrar um pouquinho, por maior que seja a nossa dificuldade com essa coisa, não vai arrancar um pedaço da nossa casca... Mas a gente não percebe, a gente não se importa, a gente se omite e a gente mata pessoas todos os dias sem nem saber. E nós podemos mudar tantas histórias, mas não o fazemos. E aí nós nos tornamos por quês. Nós somos por quês. Eu sou um por quê. Eu sou literalmente o por quê e nada pode apagar a minha marca. Mas se eu pudesse gravar uma fita e dizer uma única coisa, eu diria: não seja um por quê.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Shine a light on me

Isso é unicamente para que eu leia daqui algum tempo e me lembre exatamente das cores que você trouxe pro meu mundo. Obrigada!

quinta-feira, 2 de março de 2017

Beautiful day

Geralmente, eu ouço canções tristes e me lembro de você. Então disparo a escrever e explodir palavras enquanto faço uma molhaceira de lágrimas ao meu redor. Mas essa até que é uma atitude justificável, eu acho. Só que agora, eu ouvi uma música que me deixou feliz; Beautiful day do U2 e sabe, o timbre da voz dos caras parece muito com as rádios que você escutava na oficina, então eu mais uma vez disparei a escrever mas só pra te contar, não teve dor, nem nada do tipo. Eu escrevo sempre pra te contar as coisas, porque sinto uma falta absurda de poder contar e eu penso muito e falo muito, aí acaba saindo um desabafo meio afoito demais em todas essas tentativas, mas dessa vez é realmente bom. Dessa vez é só pra falar que a gente deveria ouvir essa música juntos enquanto você desrespeita os km permitidos pelas placas de trânsito sem a menor preocupação. Ah, e que eu nos acho muito semelhantes nesse ponto, porque eu simplesmente não consigo ligar pra nenhuma dessas coisas também... E gosto disso. É isso, é só isso, queria que você pudesse estar por perto, essa parte não muda, sempre quero. Mas queria que você soubesse que agora ta tudo bem, mesmo. Que as coisas são diferentes demais nesse momento, as minhas percepções, os sentimentos, sei lá. É tudo muito novo e é bom. Eu sei uma porção de coisas novas e penso diferente sobre uma porção de coisas velhas. E conheço muitas histórias, lugares e pessoas novas. A propósito, eu vou maratonar a sequência de filmes do Velozes e Furiosos qualquer dia desses e acho que você ficaria feliz em saber disso. Há um tempo atrás eu tinha muitos conflitos internos comigo mesma e eu escrevi algo parecido com isso pra você, no ônibus, voltando da rodoviária, numa noite onde chovia muito e eu não parava de pensar se você gostaria da pessoa que eu era naquele momento, porque eu de fato carrego essa pergunta comigo todos os dias. Mas sabe, você gostaria muito de mim hoje! Yessssssssssss. E eu escrevi pra dizer que eu sempre vou amar muito você, que eu sou grata por tudo que você me ensinou como ninguém mais faria e é só isso, é simples, sem melancolias ou conotações poéticas, eu só te carrego comigo sem limitações temporais. Eu sinto sua falta. E eu acho que você gostaria muito do meu eu de hoje. Esse achismo me faz pensar que eu não sou um caso perdido. Veja só, it's a beautiful day!