terça-feira, 26 de abril de 2016

E se não parar de chover? Se a gente não quiser crescer?

Hoje na volta pra casa, uma criança me parou no metrô pra dizer que achava bonito o meu "olho muito azul". Ela falou tão encantada que não tive coragem de contar que não era de verdade. Depois disso, eu pensei muito nas crianças e no quanto gosto delas. Em como todas são naturalmente felizes e em como o universo parece tão cheio de brilho antes da gente crescer. Lembrei de como eu via o mundo todo cor de rosa e cheio de flores. E do dia que acordei odiando rosa e flores. Queria entender porque crescer faz a gente perder o encanto pelas coisas. Porque essa pureza natural de ser feliz com pouco se esvai. Talvez, isso tenha um pouco a ver com a magia dos começos, como quando a gente acha algo tão incrível no início e depois aquilo simplesmente te satura... Sinto saudade de como eu sentia a vida no começo. Não sei como a gente se sente no final, mas espero que seja diferente de como eu me sinto agora.  

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Somos um disco do Nirvana de 20 anos atrás.

A primeira vez que você me perguntou se me fazia mais mal do que bem, eu não soube te responder, também. Tenho mesmo esse problema de ser intensa além da conta. De ter as pessoas como caos e como cais, de não sentir nada ou sentir demais. E quase sempre, eu volto pra casa cansada de tentar te legendar. Saturada de ouvir você gritar. Nunca fiz questão de esconder. Todas as vezes, te deixo saber. Mas isso foi ontem. E quando você consegue se acalmar, vira morfina pura. Nem parece ser uma menina tão dura. Hoje o meu remédio foi te re-encontrar. Seus olhos cansados se apertando devagarinho enquanto você sorri, foram a única coisa forte o suficiente para afrouxar um pouco dos nós da minha garganta, que de tão presos faltavam me sufocar. Hoje eu nem precisei falar nada pra você entender. E trançar o meu cabelo, ainda que não leve o menor jeito para esse tipo de coisa e ele não seja tão comprido quanto o seu. Mas você soube dizer que era só pra prender a tristeza e depois soltar. Fiquei tão feliz que aprendeu. E pude respirar saudade, no seu abraço desesperado, apertado e gelado, "brigada por voltar..." Você sabe, que eu sempre vou voltar. A resposta é que hoje você me fez mais bem, do que ninguém. E o que é o tempo, se não um aglomerado de hojes no mundo de alguém? 

terça-feira, 19 de abril de 2016

Um dia a gente se vê.

Leio e releio as palavras antigas, as palavras não ditas. As palavras, tantas. Seguro as lágrimas apertadas nos olhos. Um lago represado. Mas não vou chorar. O que fazer com tudo isso? Queria que evaporassem. Embora, sinta um pouco de medo de tudo simplesmente evaporar. Respirei fundo e esperei a eternidade chegar. Mas ela não chegou. Senti o perfume a me pedir: vá. Eu vou... Sinto muito, mas preciso ir. Sem te incluir.
Don't worry. You'll be ok, you don't need me.   

É pra eu falar então? Agora? Tá, olha só!



Porque eu não paro de falar, quando eu não sei o que falar. Palavras não tem sentido e eu não tenho abrigo. Mas se eu paro pra pensar, porque eu não paro de pensar, você não faz sentido! Não me tem como abrigo... Se eu te disser que antigamente até pensei que agora, eu saberia exatamente o que fazer agora, mas se você quer me deixar de fora, eu posso tentar ser feliz lá fora. Porque você não vai ligar se eu deixar de te ligar, e falar de mim não faz sentido. Vai sair pra outro lugar, pra por alguém no meu lugar e viver assim, pra mim não faz sentido.

Meu bem, meu bem, você me fez tão mal
Será que você não vê meu bem?
Que eu nunca dancei no carnaval!
Então me deixa de fora mas me deixa tentar...
É, me deixa dançando, mas me deixa dançando o meu tango
Que é isso que eu sei dançar
Tudo muda meu bem, e também qual é a graça se não mudar?
Será que você não vê meu bem,  
Todas as vezes que eu parti, eu nunca prometi voltar;
E todas as vezes que eu fui, eu nunca prometi ficar.