sábado, 5 de março de 2016

Vai ficar faltando alguma coisa.



No sol dessa manhã tão cinza, a tempestade chegou. Da cor dos seus olhos: castanhos. Difícil dizer o que vai fazer mais falta, se tua fúria ou o silêncio que vem depois dela. Difícil entender a falta que você já tá fazendo. Hoje eu só queria te guardar pra mim. Numa bolha que te protegesse do fim. Só que dessa vez, não vou me privar a selecionar as palavras mais bonitas. Porque acho que elas podem não ser boas o suficiente para muitas coisas, como é agora. Mas precisamos tentar. Não precisa rimar. Não dá para parafrasear, porque você foi tudo que eu não consigo explicar. E me afeta de um jeito que eu não tô nem sabendo lidar. Ta faltando um pedaço de você. Em todo lugar. Tem sua cara, seu jeito, seu pranto, sua birra, seu riso e tanto, por todo canto. Difícil dizer o que vai fazer mais falta. As canções de ninar quando você demorava a dormir ou as velas virtuais acesas pra você se comportar. A vontade de dar na sua cara! - sim, fofa eu uso bordões seu - mas ao mesmo tempo, botar no colo e cuidar, ou querer matar quem te faz chorar. Difícil, difícil. Que os seus caminhos se abram e os olhos também, meu bem. Que você, veja o que é e não o quer que seja. Observando bem, a gente vê tudo. Mas tem que estar pronto, pra aceitar o que verá. Difícil dizer o que vai fazer mais falta. Se é a sua energia gostosa logo de manhã, essa que me impulsionava até a acordar cedo e fazer tudo que tinha pra fazer, pra na volta ter um dia inteiro de overdose de você, ou se o seu receio de mostrar e demonstrar, esse que na primeira dose já berrava "eu não sou de falar... mas aprendi a te amar!". Ensinou, Ana Paula. Pagou por quebrar a regra mas amoleceu um tanto de coração de pedra. Me deixou mais mole do que jamais fui. Agora eu tô aqui, essa manteiga, que não sabe o que vai fazer, sem todo dia poder te ver. A metade do primeiro, já doeu demais. Realmente, era você o cais. Inacreditável te conhecer. Inevitável se envolver. Mas o mundo, não tá preparado pra você. O BBB não fez por onde te merecer. Você que quer engolir o universo e abraçar a vida com mil braços, sem abraços. Esse reality não foi seu. Mas o mundo será. Um brinde de whiksy á quem veio pra brilhar! E me recorro á Burt Bacharach, pra poder te dizer: "Assim mesmo que acordar, antes mesmo de me levantar, eu vou rezar um pouquinho por você. Depois de escovar os dentes, vou rezar mais um pouquinho por você. Na condução, indo trabalhar, de novo, vou rezar um pouquinho por você. Na hora do cafezinho, vou rezar sempre um pouquinho por você..."
Juro. Eu vou até aprender.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Olha elas!


A gente vê e julga, pensa e escolhe. Nessa subida, meu bem, você foi escolhida. Você que acha que pode fazer tudo o que quer. E pode. Mas não pode escolher o que querer. Sempre nessa caça desassossegada do que nem você mesma sabe se existe. Mas busca, tenta, pede, insiste. Bate o pé e grita. Irrita. Acha que pode proteger o mundo com uma conversa. Só que ninguém escuta. Normal. Alguém já te escutou? Tenta convencer de que pode tomar mais um gole, tenta convencer de que tudo bem, tá bem, não precisa dormir agora. Abafa os gritos do coração e exterioriza os berros pra fora. A qualquer hora. E aponta o dedo, sem segredo. Joga as máscaras no chão. Quebra regras, copos e recordes de votação. Se gaba do que tem, sem perceber que está falando do que não tem. A busca é pelo que te falta. Todas as coisas que prefere esconder pra não mostrar fragilidade. Já passou da idade. É oito ou é oitenta. Mas tenta. Mesmo que chorando diga que nunca chora. E vá chorar mais do lado de fora. Desde quando as lágrimas são doces? Desde quando o medo é doce? Não se foge pela borda. Não sei se te contaram, mas goiabada engorda! Você que escancara o que os outros calam. E grita suas verdades alto demais. Pra fixar. Pra ecoar. Não é banal. Mais escandalosa ainda é a dor que não sai no jornal. E eu entendo; Não precisa buscar cura por ser assim. De verdade, do começo ao fim. Ana e Paula, o mundo não entende o pecado, mas compreendeu o pecador. Vocês estão absolvidas. Que a vida lhes seja cheia de amor!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Sweet child o mine.

Sempre pensei em você criança. Na garotinha levada que corria pelo assoalho da casa fazendo barulho com as botinas desamarradas. Penso tanto que chego a ter as lembranças muito vivas na mente. Como se eu realmente tivesse estado lá, o tempo todo. Ás vezes, na platéia, como um alguém desconhecido, na mesa do restaurante que você jantava com seus pais no aniversário de algum deles. Parece estranho, mas é como se eu pudesse me lembrar milimetricamente do seu sorriso de janelinhas por baixo da franja torta que quase cobria os seus olhinhos tão cheios de brilho, feito estrelas cadentes, ao ver a sobremesa chegar. Outras vezes, é como se eu tivesse sido, sei lá, a neta mais velha de uma amiga da sua avó. Te embalando em um desses balanços feitos de pneu, rápido o suficiente para ouvir a sua risada diante do frio na barriga pelo impulso do movimento, mas ao mesmo tempo, devagar, de forma com que você jamais pudesse cair ou ralar os joelhos. Queria tanto de fato poder ter estado lá. E ter visto a inocência que o seu olhar ainda tem, com olhos de menina, também. Acho que, mesmo depois de mais velha, você nunca deixou de ser a garotinha que precisava ser cuidada. Sei que não. Me pergunto se você começou a vida tão jovem que não consiga crescer. E sinto muito medo por você. Muito medo pelas suas dores. Muito medo pelas suas quedas. As vezes queria me livrar disso. Mas aí acho que te perderia dentro de mim; e fico com mais medo ainda. Acho que existem pessoas que realmente amadurecem. E te vejo chegando onde sempre quis chegar. Talvez, um dia, quando eu crescer e me encontrar, perceba que você também se encontrou e permita que cresça, que o seu encanto permaneça. Penso nisso e o tempo parece voar, corre ligeiro como numa ampulheta. Mas de repente eu viro criança de novo, e isso é tudo o que somos, crianças esquecidas em algum lugar. 

Entretanto entre tanto.



Entre quem fomos e quem somos. Entre onde estamos e pra onde vamos. Entre eu e você; entre ser e parecer. Entre os medos e segredos. Entre os anos e os sonhos; entre os planos e desenganos. Entre o pranto e o encanto. Entre a dor e o amor. Entre a raiz e a flor. Entre a sua ousadia e a minha antipatia. Entre a nossa telepatia. Entre o desacordo e a sintonia. Entre razão, perdão e coração. Entre quem vem, quem sai, quem chega e você que nunca vai. Entre os laços e abraços. Entre o tempo, no passado, no futuro e no presente. Entre a gente, entre a mente, entre a minha, entre a sua, entre o sol e a lua, quero morar na sua rua! Entre o caos e o cais, o muito pouco e o demais. Entre o antes e o depois. Entre a lembrança e a saudade. Entre os dias, as horas e a idade. Entre o que foi esquecido e o que nunca vai ser perdido. Entre o não e o sim, o começo e o fim, entre você pra mim.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Agora eu acho a vida chata.



Durante uma década, os finais de Natal eram sempre iguais. Mas nunca menos mágicos por isso, muito pelo contrário. De repente, tudo ficou diferente. Hoje é só mais um, que não tem mais briga de travesseiro, piada de palavra cruzada, massagem na barriga por eu ter comido demais, a gente debaixo da cama rindo do medo que a Emília tinha dos foguetes ou contando as estrelas a dedo e escolhendo as que brilhavam mais. Não vai ter você me ensinando a tentar copiar a sua letra pra não esquecer da sua grafia e ela vai só continuar, sendo sempre tão única e a minha favorita. Não vamos passar no bar do Eloi e não vou estar grudada no seu pescoço. Ninguém vai segurar o taco pra eu acertar a bolinha de sinuca. E nem vamos sentar na montanha de brita pra cantar Lulu Santos. Até porque ela não existe mais. Agora é uma estação de metrô, que você ia gostar de ver mas teria que encontrar outra igual pra gente subir no topo e eu sempre rir ralando o joelho. Quando eu ouvir "minha vida" sem chorar, eu escrevo pra te contar. Feliz natal! Pra você, em algum lugar.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

"Reflections of a skyline."

E eu ainda quero brincar de esconde-esconde. Te emprestar minhas roupas, vestir suas camisas. Dizer que amo seus sapatos e calçar eles mesmo que sejam muito maiores que os meus pés. E sentar na cama enquanto você toma banho. E massagear o seu pescoço e desembaraçar entre os dedos o seu cabelo molhado. E beijar o seu rosto fundo, segurar sua mão e sair p’ra andar. Não ligar quando você comer minha comida, e na verdade, insistir pra você sempre comer a minha comida. E te encontrar numa lanchonete no seu dia de folga p’ra falar sobre o dia. Falar sobre o seu dia e rir da sua, sua sempre paranóia. E te dar fitas que você não ouve, ouvir as suas músicas, que eu não ouço, ver filmes ótimos, ver filmes horríveis. E te contar sobre o programa de TV que assisti na noite anterior e não rir das suas piadas. E ouvir o seu sotaque pra falar outro idioma e me contar sobre coisas que eu nunca pensei em saber. Te querer quando acordo, mas deixar você dormir mais um pouco. Te dizer o quanto adoro seus olhos, seus lábios, seu pescoço, seu cabelo fininho. Sentar na calçada, pensando, até seus vizinhos chegarem em casa, sentar na calçada, pensando, até você chegar em casa. Me preocupar quando você se atrasa, e me surpreender quando você chega cedo. E te dar girassóis, mesmo que a gente odeie flores e ir às festas dos seus amigos e dançar. Me arrepender quando estou errada e ficar feliz quando você me perdoa. Ouvir que sempre estou errada, mas dar risada. Olhar suas fotos e querer ter te conhecido desde sempre. Ouvir sua voz rouca no meu ouvido, sentir sua pele na minha pele, e ficar assustada quando você se irrita. Apesar de você sempre se irritar. E dizer que você tem tudo, tudo que eu quero pra mim. E te abraçar quando você estiver em desespero. E tentar solucionar os problemas que só você vê. Responder as perguntas que ninguém fez, mas que você quer tanto saber. E te querer quando te cheiro. E te irritar quando te toco. E choramingar quando estou ao seu lado. E choramingar quando não estou. Debruçar-me no seu peito, te sufocar nas tardes de chuva e sentir frio quando você puxa o cobertor e sentir calor quando você não puxa. Me derreter quando você sorri, me desarmar quando você ri. Mas não entender como você pode achar que estou rejeitando você quando eu não estou te rejeitando, e pensar como você pôde pensar que eu te rejeitaria. Ando pela cidade pensando. É vazio sem você mas eu quero o que você quiser e penso. Estava me perdendo, mas te contaria o pior de mim e tentaria te dar o melhor de mim porque você não merece nada menos que isso. Responder suas perguntas quando prefiro não responder. E dizer a verdade mesmo que eu não queira. E tentar ser honesta porque sei que você prefere. Mesmo que doa. E achar que tudo acabou. Espera só mais dez minutos antes de me tirar da sua vida. Esquecer quem eu sou. Tentar chegar mais perto de você, porque é lindo aprender a te conhecer e vale a pena o esforço. E falar espanhol muito mal pra você rir. E falar inglês pior ainda, pra você me ensinar. E fazer amor com você às três, quatro, cinco e seis da tarde. E de alguma forma, de alguma forma, de alguma forma, expressar um pouco desse esmagador e irritante, embaraçoso, interminável, excessivo, insuportável, sufocante, enriquecedor, ampliador, demente, progressivo e infindável sentimento que eu tenho por você. Por quem você é. E não pelas suas formas genéricas. Ao contrário do que você sempre achou. 

domingo, 18 de outubro de 2015

Nosso próprio tempo

"Eu sei que você sabe quase sem querer, que eu vejo o mesmo que você..."

Hoje eu quis escrever um clichê, pra te dizer: Ainda bem que só se morre de amor na tela dos cinemas. Porque na vida real, a gente aprende a conviver com as suas infinitas formas e transforma uma delas, na nossa. A gente guarda no peito e voa. As vezes com medo da garoa, mas vai. É que amores não mudam, caro leitor. O que muda é a cabeça do amador. E a minha dor, é não conseguir mais ver além dos olhos. E não por esquecer, mas por saber, que tudo é simplesmente do jeito que se vê. Eu olho pra bagunça que eu sou, a que você sempre tentou faxinar. Corro um risco muito grande em tentar arrumar. Guardar tudo isso... E nunca mais encontrar. Só que eu nem me dou o trabalho de empacotar as coisas. Tentar tirar você daqui. Quer saber, deixa aí. Agora somos nós o tom cinza das paredes. Mas cadê o azul que tava aqui?