quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Finitos de infinidade

Eu sempre escrevi muito sobre as coisas todas. Desde contos imaginários, até sobre o que acontecia, sobre como eu me sentia, como pensava, como entendia ou deixava de entender a vida. Não é a toa que precisei de um lugar para isso, e ás vezes, é de fato engraçado ler sobre o que passou e nem se quer lembrar que eu já me senti assim. Talvez seja isso, talvez mais que para por pra fora, a gente escreva pra não se esquecer. Eu não gosto mesmo de falar sobre fraquezas com ninguém e isso acontece porque acho meus motivos banais demais para o entendimento alheio. Não é como se eu não soubesse o que é uma dor de verdade, pois por Deus, como eu sei. Mas ainda assim, não faz as minhas pequenas imensas dores serem menores. E parece que eu vou hiperventilar. E não, eu não tenho dúvidas de que num futuro que nem precisa ser muito a frente eu vou ler isso me sentindo patética, mas esse é o meu agora e ele me machuca tanto, que eu juro que queria não escrever sobre e que deixo sim de escrever muitas coisas pra não precisar admiti-las nem pra mim mesma, mas é o silêncio que eu tanto admiro o mesmo que me faz sentir estupidamente tola. O silêncio que cala, consente e faz de mim uma pessoa fraca, simplesmente. Achei que tinha deixado de lado a mania de querer entender tudo que foge da minha compreensão mas percebo da pior forma que não. Realmente não sei o que acontece. Se a gente subestima a benevolência dos deuses, se a questão é pedir demais e oferecer de menos, se alguns pedidos não merecem ser atendidos. O fato é que os meus não são. Eu definitivamente passei esse ano inteiro escrevendo sobre aceitação. Sobre finais, mudanças e novos caminhos. E agora eu simplesmente não consigo aceitar tudo que acreditei ter feito parte do meu pseudo processo evolutivo. Finitos de infinidade que são finitamente infindáveis. Momentos que passam, mas que não se acabam em si. O tempo leva tudo. Tudo. O que você quer e o que não. E só você olhar ao redor. E quer saber, sim, crescer é uma merda. A gente vira um saco ainda maior de complicações, de reflexões que não te levam à porra de lugar algum. De rancores e ressentimentos, de coisas que a gente não consegue perdoar por mais que queira muito. Mas nem se quer dá pra escrever algo que faça sentido. Não vai dar nem pra ter um título com coerência, porque isso é sobre tantas coisas juntas. Esse é um problema tão estrondoso na minha mente, o ligamento inexistente que eu faço sobre tudo dentro da cabeça. É um paralelismo que não permite linhas tortas ou entrecortadas. É como arrumar a minha bagunça. Como se eu construísse um edifício feito por cada uma das coisas que eu acredito, constituído pelas pessoas que eu gosto, principalmente, formado pelos meus aprendizados, por tudo que eu absorvo, mas também pelas minhas cicatrizes, meu traumas, minhas dores, tudo faz parte e se completa sustentando ele de pé numa zona de conforto que não pode existir porque quando alguma parte dessa base que eu não tenho o menor controle sai dos trilhos, o prédio desaba inteiro e eu viro pó.

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