segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Green is the new black

Se eu pudesse te dizer algo, diria pra você não ter tanto medo assim da vida. Só que eu tenho, talvez, tanto quanto você. Eu te diria que, tudo bem, não estar sempre tudo bem. Mas nunca tá tudo bem pra mim em não estar tudo bem. Te diria que... não se deve, jamais, soltar a mão do amor tão facilmente. Mas eu solto, sempre solto. Te diria que sua intolerância vai te sufocar um dia. Mas olha eu aqui, afogada na minha intransigência há muitos dias. Se eu pudesse te dizer algo, diria que se chatear com a política não vai fazer o mundo melhorar. Só que não há alguma outra situação que me chateie tanto quanto. Eu te diria que a pressão do mundo não vale de nada. Mas ela vale, né? E como ela machuca. Te diria que, não importa o que as pessoas achem ou deixem de achar. Só que, eu não vou chegar tão cedo, nesse nível de evolução, que realmente me fará sentir a vida como se não importasse o que ninguém acha. Eu te diria que Manhattan é um lugar incrível, apesar de toda bagunça. Só que eu nunca fui em Nova York. Se eu pudesse, te diria que não dá pra entender o mundo, que é besteira tentar entender. Mas o que é esse texto, senão uma tentativa meio desesperada de te dizer, que se eu pudesse, eu te diria que, quando todo mundo diz que é impossível te entender, eu só consigo pensar no quanto eu te entendo? Mas nada posso dizer, porque esse paradoxo todo faz de mim tão vítima quanto agressora. A propósito, eu amo a palavra paradoxo. E te diria, se eu pudesse, que você é um que me faz perder muitas e muitas horas. Mas me faz sentir que estou ganhando.

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