quarta-feira, 2 de julho de 2014

Forgiveness

Por muito tempo eu não soube ficar na vida de ninguém. A única pessoa que eu tinha simplesmente não quis mais viver. É. Então eu comecei a odiar tudo. O ballet que eu cresci amando, a comida da minha mãe, o sofá, o teto, as letras, o tempo, as ruas da cidade, as palavras, a minha casa, meus filmes preferidos, as músicas, minhas roupas, cheiros, cores, os meus sonhos. Odiei as árvores, o céu, o sol, a chuva. Odiei as estrelas, me odiei e no fim, te odiei tanto. Eu quis me esquecer. Viver era a coisa mais esquisita que eu podia fazer no momento. Qualquer coisa era um problema, acordar era um tormento. Eu não aguentava mais me despedir. Só não queria dizer adeus. Nunca achei o mundo em geral bonito, mas em um dia você me fez acreditar que tudo seria lindo, no outro estava indo embora, pra onde eu não sabia. Mas eu tinha que ficar, ainda que tudo que eu houvesse aprendido até ali era que nenhum chão era seguro e que ser boa não era um muro que te separava do fracasso. Você se foi e eu funcionei mecanicamente, enquanto o universo amava, ou mentia. Que tipo de herói é tão covarde? Aquele desalento comum, de quem tem fé em tudo mas desacredita de todas as coisas. É louco, é oco, é humano. É você, sou eu, somos nós. Eu entendo. Não aceito... Mas perdoo. "Nem todo mal desse mundo vai te enfraquecer." Quatro dádivas. Sabedoria, força, proteção e infinito. Obrigada. Talvez, um dia eu até aceite. Tá tudo bem. Enquanto você cuidar de mim. Daí. E eu sei que cuida.

Um comentário:

Rayza Narcizo disse...

Eu gosto tanto desse texto que já li um milhão de vezes, mas a necessidade de comentar veio só agora. Nenhum chão é seguro, mesmo! Mas você pode confiar que sempre vai ter alguém abrindo as asas pra te salvar. Você deixou de ser boa pra ser ótima há muito tempo e não teve fracasso. Viu? Há exceções. Você é a exceção. Te amo, te cuido e você sabe.