quinta-feira, 2 de março de 2017

Beautiful day

Geralmente, eu ouço canções tristes e me lembro de você. Então disparo a escrever e explodir palavras enquanto faço uma molhaceira de lágrimas ao meu redor. Mas essa até que é uma atitude justificável, eu acho. Só que agora, eu ouvi uma música que me deixou feliz; Beautiful day do U2 e sabe, o timbre da voz dos caras parece muito com as rádios que você escutava na oficina, então eu mais uma vez disparei a escrever mas só pra te contar, não teve dor, nem nada do tipo. Eu escrevo sempre pra te contar as coisas, porque sinto uma falta absurda de poder contar e eu penso muito e falo muito, aí acaba saindo um desabafo meio afoito demais em todas essas tentativas, mas dessa vez é realmente bom. Dessa vez é só pra falar que a gente deveria ouvir essa música juntos enquanto você desrespeita os km permitidos pelas placas de trânsito sem a menor preocupação. Ah, e que eu nos acho muito semelhantes nesse ponto, porque eu simplesmente não consigo ligar pra nenhuma dessas coisas também... E gosto disso. É isso, é só isso, queria que você pudesse estar por perto, essa parte não muda, sempre quero. Mas queria que você soubesse que agora ta tudo bem, mesmo. Que as coisas são diferentes demais nesse momento, as minhas percepções, os sentimentos, sei lá. É tudo muito novo e é bom. Eu sei uma porção de coisas novas e penso diferente sobre uma porção de coisas velhas. E conheço muitas histórias, lugares e pessoas novas. A propósito, eu vou maratonar a sequência de filmes do Velozes e Furiosos qualquer dia desses e acho que você ficaria feliz em saber disso. Há um tempo atrás eu tinha muitos conflitos internos comigo mesma e eu escrevi algo parecido com isso pra você, no ônibus, voltando da rodoviária, numa noite onde chovia muito e eu não parava de pensar se você gostaria da pessoa que eu era naquele momento, porque eu de fato carrego essa pergunta comigo todos os dias. Mas sabe, você gostaria muito de mim hoje! Yessssssssssss. E eu escrevi pra dizer que eu sempre vou amar muito você, que eu sou grata por tudo que você me ensinou como ninguém mais faria e é só isso, é simples, sem melancolias ou conotações poéticas, eu só te carrego comigo sem limitações temporais. Eu sinto sua falta. E eu acho que você gostaria muito do meu eu de hoje. Esse achismo me faz pensar que eu não sou um caso perdido. Veja só, it's a beautiful day!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Desconstrua-se

Ás vezes, eu paro pra ler as coisas que escrevo e me pego observando como elas costumam começar com "eu sempre..." ou "eu nunca". De fato, nunca fui fã de mudanças (e começo aqui com o velho eu nunca novamente) pois tento por algum motivo incompreensível, ser firme nas minhas definições. Mas dessa vez, realmente acho que desconstruir-se tem a ver com se enxergar de uma forma muito mais ampla, entender - e aceitar - que podemos ser muito mais que nossas limitações. O eu criado pode sim se reinventar. Você não precisa ser o mesmo pelo resto da vida, e ainda bem. Os nossos prazos de sustentação tem validade e o vencimento é se permitir fazer parte de um processo de evolução constante. Eu ainda acho que as opiniões das pessoas são moldadas de acordo com a forma como elas foram criadas, o ambiente que vivem e o ciclo social do qual fazem parte, talvez, justamente por esse motivo seja tão complicado desapegar-se de ideias que foram construídas gradativamente durante a sua vida. Por muito tempo, minha concepção de desconstruir um pensamento era sinônimo de problematizar e são incontáveis as vezes que satirizei essa palavra. Mas na realidade, é o contrário. Tem muito mais a ver com simplificar. Com esquecer tudo que te disseram e apagar as regras impostas pelo desconhecido, olhar pra aquilo de olhos abertos e enxergar sem interferências externas. Logo eu que tanto repugno os maniqueísmos, me vi escondida em um universo extremo onde há sempre apenas duas opções. É ou não é. Mas quantas possibilidades você perde entre o 8 e 80, quanto insiste em se reduzir? Pra quantos problemas universais que existem e estão ali o tempo todo, você fecha os olhos em nome do seu eu individual? Quantos são os assuntos que só conhecemos superficialmente e ainda assim nos fechamos por pura ignorância? Há tanta coisa no mundo acontecendo, há tanta coisa pra ser vista, sentida, entendida. E eu espero sinceramente que a gente possa substituir os nossos "porque não." por "por que não?" Que sejamos mais complacentes com a dor do outro. Mais empáticos e resilientes. Que a gente não perca o desejo de transformar as coisas a nossa volta, a nossa ânsia por mudar o mundo imediatamente e a vontade de se expandir, de ser o melhor e maior que pudermos ser.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Surprise bitch


Eu me questiono o tempo todo. Penso muito sobre as pessoas e todas as outras coisas do mundo, mas eventualmente, também penso muito em mim, a ponto de me perder nas próprias trilhas de curvas um tanto quanto excêntricas que dividem as portas, ora abertas, ora irrevogavelmente trancadas que guardam minhas paredes. Passos invisíveis para o abismo das minhas paredes. Minhas paredes vazias, minhas paredes riscadas, minhas paredes de pé num estado caótico demais para ainda não terem desabado, minhas paredes perfeitamente pintadas e devidamente decoradas, minhas paredes impassíveis e impenetráveis, minhas paredes erguidas como uma espécie de abrigo e cuidado, minhas paredes sombrias e intimidantes, minhas paredes leves e alegres... minhas paredes, coloridas, brancas, negras e sem cor. Tantos caminhos existem. E eu penso muito sobre cada um deles. Para ser sincera, por vezes, encarei o ato de pensar como um verbo meio maçante, mas agora realmente acho que minha mente precisa mesmo disso para se organizar e limpar a poeira do passado, tirar a sujeira, para enfileirar tudo isso em prateleiras e etiquetar com clareza de modo que eu possa encontrar, se não eu me perco dentro de mim mesma. E tudo bem se não for assim com todo mundo, porque é tão importante perceber que as pessoas são diferentes e por serem diferentes, reagem de formas diferentes, enfrentam e lidam e sentem tudo de um jeito particularmente seu. Porque os nossos sentimentos, vontades, desejos, batalhas, necessidades, dores, amores e medos, são natural e absolutamente... diferentes. Você só precisa descobrir o modo que completa as figuras do seu álbum, a fórmula certa (e sua) de encaixar as peças do seu quebra cabeça. Sem mais perguntas, sem mais respostas: Eu me achei!

Apenas visitantes mal educados

Nossa evolução pode sim nos fazer grandes, mas ainda assim, não seremos nada. Somos a poeira dos sapatos de um viajante.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Acho que era março de 2010


Provavelmente você é uma das únicas pessoas do mundo todo que nunca me idealizou. Você só me enxergou e: tudo bem. Não quis mudar nada. Tudo bem, tá tudo bem. E fez as coisas que eu considerava gigantescamente insuportáveis parecerem tão... menores. Eu realmente não sei se um dia você vai entender a importância disso pra mim. Ironicamente, foi justamente você quem mudou a minha cabeça sobre muitas coisas e eu te agradeço pela forma sutil como você fez isso. Eu prezo muito por gentileza por essa ter sido a última coisa que sobrou antes da minha despedida e você sempre foi assim: gentil. Verdades expostas, mas nunca impostas. Sim, esse é um texto de agradecimento, mais do que qualquer outra coisa. Pelos anos compartilhados, pelas dores incompreendidas, mas divididas. Pelas compreendidas, mas imensas também. Pela confiança que nem por um segundo deixou de existir. Pelas cartas na minha caixa de correio, pelos tempos em que o máximo que poderia existir sobre uma ligação era comprar um microfone pro msn. Pelo mundo que a gente desvendou, um mundo cheio de sentimentos para os quais eu não tinha palavras. Sim, eu sou tão grata! Pela sua paciência. Tanta coisa sobre mim é sobre você, que tudo isso parece o enredo de um filme muito mirabolante. Esse blog por exemplo, só existiu por sua causa, "as pessoas são como canções", acho que nem se eu tiver um futuro problema de memória vou esquecer disso algum dia. Adolescência cheia demais, a gente nem tinha quatorze e tudo já pesava muito mais que o normal. Uma vez, eu li que o cérebro foi feito para garantir a sobrevivência humana, ele não dá a mínima para a felicidade. Foi isso, não é? Sobrevivemos. Ao tempo! E que sorte. ♥

"Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que preocupação
É tão eficaz quanto mascar chiclete
Para tentar resolver uma equação de álgebra..."