sábado, 7 de agosto de 2010
Vai passar.
eu sei que dói, é horrível. Eu sei que parece que a gente não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. (Fernando Pessoa escreveu num momento parecido, "hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu"). Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai aguentar, mas aguenta: as dores da vida. agora tá insuportável, agora eu quero abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Minha dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. (...)
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Um comentário:
Eu bem que queria "abrir um zíper nas costas e sair do corpo".Entendo perfeitamente.Passaram se os dez segundos;e nada...
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